Lá vamos nós de #interdisciplinaridade...
Posted by admin on 3 Jun 2019 in Ensino, reflexão, Colaboração, Educação
Introdução
Eu já escrevi sobre isso, comentando um caso particular, em 2011! Entretanto, nos tempos atuais (2019) em que um boçal ocupa a presidência do Brasil, em que os Professores são eleitos, por setores conservadores da sociedade brasileira, como inimigos da juventude e da sociedade, nunca é de mais demais retomar esta conversa!
Também, nunca é demais reforçar que não trago absolutos! Não pretendo "cagar regras"! Cada um sabe onde seu calo aperta! Cada um deve, colega Professora e Professor, sulear suas práticas por suas convicções e escolhas de quais batalhas deseja combater...
Considere que este texto é só um convite a "problematização" sobre o patrulhamento ao Professor em tempos de "escola sem partido"...
O Contexto
Eu sou Professor do ensino básico, aprovado em concurso público de provas e títulos, em uma Escola pública federal. Pela atual constituição brasileira, tenho:
- Estabilidade no emprego - dentro dos limites da lei;
- Tenho, como cidadão, anteriormente a ser Professor, liberdade de opinião/expressão - inclusive política e filosófica!;
- Tenho liberdade de ensinar com base nas minhas convicções pedagógicas, respeitada a ética com seres humanos inerente a qualquer atividade profissional!
E, com base no arcabouço legal explicitado acima, eu SEMPRE vou lecionar, eventualmente, com camisas que expressam minhas opiniões!
Num desses dias estava com minha camisa vermelha, com a imagem do Lula, e com dizeres garrafais: "Lula Livre"! E, nos corredores da Escola uma licencianda de outra disciplina, em particular, veio me parabenizar pela "coragem" de usar aquela camisa na Escola.
Neste mesmo dia, uma aluna da escola (mas que não é de turma regular que leciono) de modo simpático e com uma verdadeira curiosidade juvenil, me arguiu, também privadamente nos corredores da escola, se era "permitido" eu usar aquela camisa... expliquei rapidamente (e com o máximo de didática possível) sobre o arcabouço jurídico que me permitia usar aquela camisa! Curiosamente, nunca nenhum alune, gestor escolar ou colega de trabalho havia me feito, explicitamente, esta pergunta!
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Já fui "convidado" a tirar um bótom do Lula, em época de campanha presidencial, numa escola particular que trabalhei em 2002... mas isto é assunto para outro dia... na época pedi para a diretora fazer o pedido por escrito...
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Em conversa reservada com uma amiga e colega de trabalho muito querida (que não vou compartilhar aqui - aprenda Neymar Junior!) ela comentou que seus licenciandos ficaram "curiosos" com esta minha postura e gostariam, se eu entendi bem, de conversar/investigar sobre esta postura...
Ao longo de nossa conversa, me surgiu a "constatação" que MUITOS colegas Professores, orientam seus trabalhos (postura, escolha de palavras, etc) em função da atual patrulha ideológica que atualmente ocorre sobre a Escola e os Professores! O vídeo humorístico abaixo é uma descrição, NÃO MUITO LONGE DA REALIDADE, da atual situação:
Rindo de nervoso! - Ligação(link) para o vídeo!
O que eu tenho a dizer sobre isso?
Primeiro e mais importante de tudo! Nós professores devemos sempre encarar as patrulhas coletivamente! Toda eventual ação de pais, gestores ou integrantes da comunidade escolar que castrem nossa liberdade de expressão e de cátedra devem ser tratados coletiva e pedagogicamente! A judicialização deve ser o plano C! E, caso chegue no plano C, use a assessoria jurídica do seu sindicato/Associação Docente!
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Devemos, com tranquilidade e por motivações pedagógicas, argumentar que há todo um arcabouço legal que nos garante liberdade de expressar ideias e organizar nossas práticas docentes com base em nossa liberdade de ensinar dentro da nossa visão didádico-pedagógica!
Entendam! Isso significa que temos que seguir o programa aprovado institucionalmente - no caso da escola que trabalho - aprovado pelo colegiado de cada disciplina.
Não há palavras ou temas proibidos desde que estejam a serviço da aprendizagem dos conteúdos aprovados no programa!
Deve haver espaço para a divergência qualificada e respeitosa de visões de mundo! Professores não são os detentores da verdade! Eles são apenas "Xerpas" apontando caminhos de aprendizagem.... pelo simples fato de que, na estratégia de aprendizagem-ensino, são as pessoas que estão aprendendo há mais tempo (pense Vygotsky!).
As Professoras e Professores, sim, têm lado e opiniões! E isso não significa que desejamos que nossos alunos tenham a mesma opinião que a nossa! Pense Paulo Freire!
No atual contexto informacional em que vivemos é má-fe ou desonestidade intelectual acreditar que, nós os Professores, determinamos as escolhas dos nossos alunos (estou olhando para você Abraham Weintraub!) E isso, não é nenhuma novidade! Plutarco - no Século I d.C já tinha "pegado a visão":
"A mente do aluno não é uma vasilha a ser enchida mas uma fogueira a ser acesa!"
Posted by admin on 16 May 2015 in reflexão, Colaboração, Educação, Física
Introdução
No dia 13/05/2015 foi realizada uma jornada pedagógica interna no Colégio Pedro II. Basicamente os departamentos apresentaram alguns projetos que julgaram "inovadores".
A pedido da chefia de departamento de física apresentei, rapidamente (pois vários colegas iriam apresentar, também, seus projetos) os projetos de aprendizagem que venho realizando no Colégio Pedro II.
Minha Apresentação
Um resumo rápido do que falei segue abaixo:
- A Escola não precisa de inovação mas de disrupção! (se reinventar!)
- No atual contexto informacional, a Escola, os Professores e os Gestores precisam repensar outros arranjos para o funcionamento da Escola.
- Pra quem está dentro da sala de aula, o que dá pra fazer é: experimentar, refletir, compartilhar, documentar... e retornar ao primeiro passo.
- Dentro do contexto de uma Escola conteudista, propedêutica e burocratizada (O Colégio Pedro II) experimentar os projetos de aprendizagem (com uso das TIC) são as contra-hegemonias possíveis!
- Os projetos de aprendizagem que foram apresentados (muito rapidamente) e que se inserem num projeto de DE do departamento de Física se encontram aqui.
- Uma mini-galeria de fotos dos projetos mais recentes se encontra aqui.
- Uma reflexão um pouquinho mais extensa sobre a disrupção na escola se encontra aqui.
Abaixo a apresentação (clique aqui para baixar o ppt ou aqui para baixar o odp)!
Posted by admin on 11 Mar 2015 in Ensino, reflexão, Colaboração, Educação
Introdução
No Colegiado do Departamento de Física do Colégio Pedro II/MEC surgiu a proposta (e consequentemente a discussão) se deveríamos fazer uma prova unificada para todos os Campi ou não. Evidentemente que há Professores e colegas que são a favor da proposta e outros que são contra. Na tentativa de contribuir com um debate mais qualificado sobre o tema, rascunho aqui os meus argumentos porque sou contra e, mais, porque sou contra os chamados "testes padronizados"!
Pressupostos Pedagógicos
Acho que já está bem estabelecido nos PCN+ que a avaliação é uma parte indissociável do processo de aprendizagem-ensino. Portanto uma prova unificada é incompatível com o respeito as particularidades de cada campus, a diversidade de micro-realidades e, não menos importante, incompatível com o respeito com as diferenças de concepções pedagógicas e educacionais de cada professor. (BRASIL, PCN - 2006):
"Portanto, a avaliação das aprendizagens só pode acontecer se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto é, analisando a adequação das situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que estão em condições de enfrentar."
Esse ponto crucial, per si, já seria suficiente para refutarmos tal retrocesso educacional!
Ponderando os argumentos do defensores da Prova Única
- Os vestibulares são unificados, os alunos precisam se acostumar com isso! - Vestibular NÃO É INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM É INSTRUMENTO DE SELEÇÃO. Não se pode misturar alhos com bugalhos. Nem é objetivo da escola básica preparar o aluno para o vestibular! Isso é uma deturpação! Mas isso já é outra história! Só para fechar esse ponto, o papel da Escola é preparar os alunos para o mundo (social, do trabalho e etc). Portanto as estratégias de aprendizagem-ensino-avaliação devem estar focadas neste objetivo, não naquele!
A Prova Única garante que todos os Professores Cumpram o Programa e trabalhem num mesmo "nível" - Prova não é instrumento administrativo! Para que todos os professores cumpram o programa existem os coordenadores dos campi, as RPS, o SESOP, a Chefia de Departamento e etc. A ideia (falsa) que todos os alunos chegarão a um mesmo nível em função das ações de ensino não sobrevive às evidencias experimentais. Numa mesma sala, submetidas ao mesmo Professor, os alunos têm desempenhos diferentes! Imagina num mesmo Campus, em regiões sócio-econômicas diferentes? Não
podermospodemos perder de vista que o Colégio Pedro II é uma Escola que é repartição pública, e não uma repartição pública que é Escola. O pedagógico deve se sobrepor ao administrativo! Sempre!
Um último argumento prático-histórico!
Na gestão do Prof Luiz Roberto como chefe do Departamento de Física (2002), devido a uma canetada do Prof. Wilson Choeri, foi tentada a tal prova unificada. O resultado (meio óbvio) foi que para que a prova fosse unificada tivemos que escolher o mínimo de conteúdos para avaliar. Porque, pelos mais variados motivos, alguma unidades (agora campi) estavam adiantadas e outras atrasadas em relação ao programa definido.
Num universo de 9 campi, 50 professores, a chance de um imprevisto local ocorrer são grandes! Além de contra-producente pedagogicamente é, também, do ponto de vista prático.
Fechando a conversa
Sintam-se a vontade para ponderarem sobre os argumentos aqui apresentados usando os comentários ou publicando em algum espaço aberto de discussão assíncrona!
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