Motivo 4
A suspensão das atividades docentes e administrativas da escola, não produz pressão econômica sobre o governo. A possibilidade de pressão política está fortemente ligada a participação em massa dos trabalhadores na greve. Caso os trabalhadores não participem massivamente "da luta", a pressão política só passa a ocorrer por efeito indireto: Criar transtorno a terceiros, na mesma lógica dos movimentos que usam reféns!
Essa tese ("lógica dos refÉns") encontra evidências experimentais na história do ColÉgio Pedro II. Em 1998, a greve no ColÉgio Pedro II e demais servidores da educação fora manchete de capa de jornais de grande circulação devido as criativas e participativas atividades de rua (Mais de 500 servidores na rua!). De lá pra cá, cada vez menos as atividades tem apelo midiático.
Cada vez mais o nÚmero de servidores nas atividades de rua É menor. Cada vez mais a greve se torna mais longa. No nosso caso particular, alcançou o alarmante período de mais de 100 dias em 2001, com escola vazia e pouquíssima participação dos servidores em atividades de rua (como se vê ainda hoje!), a despeito dos esforços dos dirigentes sindicais e/ou comandos de mobilização!
Participar da greve, nos moldes como ela se desenrola atualmente, é ser cÚmplice desta Ética do não trabalho, que aparentemente contagiou a esmagadora maioria dos trabalhadores do ColÉgio Pedro II !
Por que eu acho que a "Ética do não trabalho" É a tônica? Porque toda proposição que implique em não fazer nada (parar as atividades) tem forte adesão. Qualquer proposição que implique o menor esforço, É solenemente ignorada!. Quantos servidores estão hoje parados no Pedrão? Uns 1500! Quantos servidores participam da organização da greve que eles defendem e votam? Menos de 50! Quantos servidores participam das atividades de rua? Menos de 50! Quantos servidores participam de alguma discussão sistemática no local de trabalho? Menos de 50!
Pra quem não acredita na greve como forma de luta eficiente e adequada para os trabalhadores da educação, só resta duas opções: Acompanhar as decisões da Assembléia em nome da "unidade de (não) ação", ou buscar outras alternativas! Estou partindo para a busca de alternativas!
Voltar hoje (06/06/2006) ao trabalho, no ColÉgio Pedro II, não É abandonar a luta dos trabalhadores. É buscar formas alternativas de participação no movimento do trabalhadores da educação!
Contem comigo para discussões e ações sistemáticas no local de trabalho (sem prejuízo do mesmo). não contem comigo para lhe fazer companhia na sua "greve em casa".
Contem comigo para discussões qualificadas e profundas sobre a organização dos trabalhadores, via TICs (Tecnologias de Comunicação e Informação) ou em encontros presenciais.
Mas não contem comigo no arremedo de discussão de quem considera 3 minutos a cada assembléia sem direito a tréplica como "espaço democrático de discussão".
Estar na luta implica sacrifício pessoal! não contem comigo para ficar parado em casa, contem comigo para atividades midiáticas e de massa na rua, para alfabetizar/incluir digitalmente os profissionais de educação para que usem as TICs como ferramentas de organização e ação.
Motivo 5
Dizer que os efeitos nocivos e irreparáveis de longas e repetidas paradas em educação não são culpa do movimento ( e sim dos governos e etc...) e por isso não nos dizem respeito, inaugura um novo patamar da negação de realidade sindical. Então paramos (por não pensarmos em alternativas de luta e resistência), provocamos danos aos nossos alunos e simplesmente declaramos que o problema não É nosso?
não, não contem comigo para ser cÚmplice deste cinismo social!
O que ? Quais as alternativas à greve ? Eu tenho algumas idÉias, mas parar de lecionar para ficar sem fazer nada "em casa" não É uma delas! Quem sabe discussões sistemáticas (assíncronas [4] e síncronas [5]) não possa ampliar nossos horizontes?
Obs: Uma cópia deste documento para impressão pode ser baixada aqui.
[1] - Prof. Física por Concurso PÚblico de Provas e Títulos desde 1996 é Filiado a ADCPII, SINDSCOPE e Sinpro-Rio
[2] - http://www.sinasefe.org.br/mp295.pdf
[3] - http://www.sinasefe.org.br/termo_acordo_versao_final.doc
[4] - Via listas de discussíµes ou fóruns na web!
[5] - Via reuniões sistemáticas, preferencialmente por local de trabalho!
Do Dapper Drake
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3 comments
Comment from: Gal
Comment from: rita
A verdade é…chega de pedir esmolas.
Comment from: OZIMAR
GOSTARIA DE RECEBER ULTIMAS INFORMAÇÕES DAS LUTAS QUE A EDUCAÇÃO BUSCA PARA SUA MELHORIA
Prezado Sérgio: Por acaso me deparei com seu blog na internet e o li com atenção. Sou professora do Pedro II também, unidade Humaitá II e achei legal ter lido suas reflexões porque começo a concordar com vc. Sempre achei que “greve de pijama” funciona muito pouco. Porém há apenas uma questão que ficou martelando na minha cabeça: porque vc não coloca estas questões na assembléia? Acho que, mesmo que as falas sejam apenas de 3 minutos, é o espaço que temos para nos manifestar como grupo, como categoria. E garanto que muitas pessoas pensam como vc, mas não têm coragem ou clareza para se colocar. Eu, mesmo tendo minhas dúvidas e questionamentos sobre a greve, me mantenho nela por pensar como categoria. Se a minha categoria está em greve, como serei eu a furá-la? Se mais pessoas que discordam da greve participassem da assembléia e dessem seu voto contrário, provavelmente já teríamos saído dela. E, com um porta-voz, que traz motivos claros e lúcidos, já estaríamos de volta ao trabalho. Mas o motivo que mantém as pessoas em greve, mesmo não concordando muito, é porque ainda acham que as reivindicações e o movimento são legítimos. Enviei seu texto para vários colegas meus porque acho que está na hora de pensarmos com uma lógica diferente.