Eu sempre vi com maus olhos essa "modinha" de aulas em vídeo em massa (Youtube Edu)! Não precisa pensar muito para concluir uma obviedade: As pessoas são diferentes (fato) então como uma mesma aula, por mais brilhante que seja (e nem todas são!) poderia ser efetiva para todas as pessoas?
Eu até analisei um caso particular aqui, de uma aula com vários equívocos conceituais sobre velocidade média...
Eis que hoje me deparo, no Google +, com uma análise extensa e certeira feita pelo Prof. Pedro Demo sobre o livro que embasa essa onda de "instrucionismo digital" em voga atualmente.
O Prof. Pedro Demo destaca os méritos do Khan e desfia críticas certeiras e consistentes ao modelo instrucionista e equivocado da tal Academia Khan. Se você aprecia ou se você tem críticas a essa modinha de aula em vídeos em massa, é uma leitura recomendadíssima! Clique aqui para iniciar a leitura!
Introdução
Que nossas escolas estão inadequadas às exigências do nosso tempo é quase um consenso... 11 em cada 10 pais, professores, alunos, educadores, pesquisadores e palpiteiros de Educação repetem essa mesma cantilena. O que é mais raro de se ver são pais, professores, alunos, educadores, pesquisadores e palpiteiros sobre educação trilhando ou explorando outras possibilidades para que a escola se torne adequada ao presente (e futuro) de nossas crianças/jovens... Neste contexto, é muito bem vindo a proposta do documentário "Quando sinto que já sei" (finaciado coletivamente via Catarse) que se propõe apontar algumas destas "experiências" de reinvenção da escola ou, como eles mesmos se auto-definem: "O documentário “Quando sinto que já sei” registra práticas educacionais inovadoras que estão ocorrendo pelo Brasil. A obra reúne depoimentos de pais, alunos, educadores e profissionais de diversas áreas sobre a necessidade de mudanças no tradicional modelo de escola.". Documentário completo no YoutubeResenha
Como era de se esperar eu corri para assistir aos 78 minutos do documentário na esperança de me municiar de ideias, esperanças e propostas sobre esta mística escola inovadora que todos (?) nós almejamos... Para situá-lo, caro leitor, eu explicito de antemão o meu referencial! Eu sou um suspeitíssimo professor numa destas tradicionais, inadequadas e conteudistas escolas que 11 de cada 10 críticos costumam querer reinventar! Se por um lado é motivador saber que tem muita gente botando a mão na massa e construindo, na prática, essa nova escola é igualmente frustrante verificar que os 78 minutos do documentário não passam de uma tênue (muito tênue mesmo!) defesa de 8 projetos (ou de suas filosofias) sem nenhuma problematização ou aprofundamento dos mesmos. Isto é, se você tirar as críticas clichês a escola tradicional, os depoimentos com generalidades sobre como deveria ser a Educação para os tempos atuais - que diga-se de passagem são, hoje, quase senso comum - não sobra nada no documentário. Nenhuma reflexão sobre as potencialidades e limitações de cada um dos projetos! Nem mesmo uma visão mais completa dos projetos é feita. Ok, com uma verba de pouco menos de R$50.000,00 talvez não fosse possível investir em muitas horas de imersão nos referidos projetos. Mas o documentário está mais para uma peça publicitária sobre a possibilidade de experimentar outros arranjos para a escola que queremos do que para um documentário sobre como essas experiências "inovadoras" estão impactando positivamente a vida das crianças e jovens que eles atendem. Como um Profissional da educação, eu tenho interesse em sonhar com uma nova escola, mas também tenho o compromisso pragmático com a viabilidade da mesma. No mundo real que eu (e meus alunosIntrodução
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Educação, Tecnologia e "Mais do Mesmo"
Como este é um blogue interessado nas reflexões sobre Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e Educação é neste contexto que vou explicitar abaixo, correndo o risco de ser repetitivo, onde vejo as TIC sendo usadas como "verniz de modernidade" e assim propagandeadas pelo pessoal de marketing, assessorias e etc, mas que na verdade não passam de um simples "mais do mesmo".- Aulas expositivas em vídeo - Trocar a mídia (quadro branco, livros e exposição oral) pelo vídeo e continuar acreditando que todo mundo na Escola tem que aprender (ou assistir) as mesmas coisas é um caso explícito de "mais do mesmo".
- Aulas expositivas com apresentações (PowerPoints para os tecnológicamente aprisionados em padrões proprietários!) - Idem acima. Muitas Escolas (e Professores) se acham a última cocada da modernidade por terem aulas expositivas com apresentações (sic).
- Uso de tecnologias Proprietárias em Educação - Quando Escolas e Professores se tornam apenas apertadores de botões, incapazes de remixarem um aplicativo (software) ou hackearem uma tecnologia (hardware) num mundo que muda muito rápido, estão fazendo apenas mais do mesmo com a tecnologia. Uma educação realmente liberdadora e disruptiva implica necessariamente por termos acesso aos código fontes e que possamos reprogramar os nossos softwares e hardwares! Mídias Sociais como ferramentas de Broadcasting - Blogues, microblogues (twitter), redes sociais corporativas (Facebook, G+ etc) sendo utilizadas apenas como veículo de espalhamento de conteúdos e não como espaços de conversações sobre estes conteúdos... reforçam a ênfase no ensino em detrimento das aprendizagens.
Rupturas e Contra-hegemonias Possíveis
Talvez, seja verdade o veredito da Profa Ana Beatriz Gomes: "Então, como vocês podem ver, não existe ruptura radical nenhuma, muito menos provocada pelas tecnologias digitais. Estamos apenas fazendo mais do mesmo e nos reinventando o tempo todo!" Mas talvez possamos, mesmo inseridos dentro da superestrutura de nossas Escolas reais, construir nossas pequenas contra-hegemonias possíveis:- Investir mais nos processos que nos produtos - Aprendizagem por Projetos estou falando com você!
- Deslocar o centro de gravidade da Escola do Ensino para as Aprendizagens - Currículos mais flexíveis estou falando com você!
- Alunos e Aprendizes usando mais as mídias sociais (livres) e engajando-se nas conversações e não apenas "consumindo conteúdo de professores e especialistas" - Edublogues de alunos e Redes Sociais federadas e livres estou falando com vocês.
- Uso e experimentação de tecnologias abertas - Softwares e hardwares livres estou falando com vocês.