Blogue do Curso Educação Especial e Inovação Tecnológica -UFRRJ
Contexto
O curso ocorreu na plataforma moodle. Era possível criar um blogue. Fiz poucas entradas no mesmo e como, possivelmente, não terei acesso ao mesmo, no futuro, resolvi ter um cópia do mesmo aqui, no meu jardim digital.
Seguem abaixo todas as entradas na mesma ordem cronológica.
Olá Mundo - 29-08-2023
Olá colegas (cursistas e professores)! Vou tentar manter, neste blogue pessoal do curso, meu APE/PLE (ambiente pessoal de aprendizagem). Uma espécie de portifólio de aprendizagens! Depois, aos poucos, vou exportando para meu jardim digital.
É isso, espero que todos nós tenhamos aprendizagens significativas e que impactem nas nossas salas de aulas reais para que se tornem cada vez mais inclusivas!
Aula Inaugural - 01-09-2023
Captura de tela da transmissão da aula inaugural
Apontamentos da Aula da Profa. Dra. Eniceia G. Mendes
- Terminei de dar aula às 18:00h, corri para o laboratório da escola para assisitr a aula. Me sentindo um calouro no primeiro dia de aula!
- Inicialmente, no Brasil, Educação Especial - EE, era vista como "favor" e ocorria somente em escolas filantrópicas.
- Com a CF88 e a LDB, a EE passou a ser encarada como um direito. Mas a formação de recursos humanos era feita de forma separada por deficiência.
- A partir de ~2000 passou a ter uma formação de recursos humanos mais geral e menos categorizada.
- O debate atual na EE é se a formação deve ser transversal ou por disciplina do currículo.
- Há duas grandes vertentes sobra a formação de recursos humanos para a EE: Aqueles que defendem a licenciatura na várias áreas disciplinares para especialização e/ou formação continuada em EE (que é a mais popular e a que predomina há mais tempo) e há uma minoria que advoga a formação inicial em licenciatura em EE - pelo que pude entender é a visão defendida pela Profa. Eniceia.
- A partir de 2003 começaram a ser formados os professores AEE (Atendimento Educacional Especializado). * Eu só descobri que existia essa modalidade em 2021, quando chegou a primeira Profa AEE no campús que trabalho! Esse tipo de formação perdurou por mais de 15 anos.
- Ocorre que o número de matrículas de estudantes no Brasil cresceu de 300.000 para 1.300.000 nos últimos 10 anos.
- Por que uma Licenciatura em EE? Porque cria uma identidade/comprometimento com a E.E.
- Nos países desenvolvidos no lugar do AEE predomina o ensino colaborativo (docente especialista na disciplina com docentes especialistas em E.E). O atendimento do estudante público alvo da EE na sala de aula foca na acessibilidade do mesmo para que aprenda o conteúdo. (Uso do Desenho Universal de Aprendizagem).
- A professora defendeu a aposta no Desenho de Aprendizagem em Multi-Camadas. Melhorar as tecnologias e metodologias de ensino na sala de aula comum já resolvem 80% dos problemas para todo tipo de estudante. Os 20% com necessidades específicas são atendidos numa segunda camada com apoio intensivo em termos de acessibilidade.
- Uso de tutoria por pares (uma metodologia contemporânea de ensino-aprendizagem).
Papel do Prof. E.E é dominar as tecnologias instrucionais mais contemporâneas para selecionar aquela que atende aos estudantes específicos que são público alvo da EE.
- Papel do Prof. de Educação Especial é focar nas estratégias de aprendizagens e tecnologias assistivas para que o professor especialista possa pensar (colaborativamente ?) em termos de Desenho Universal de Aprendizagem adequado à sua sala de aula particular.
- O desafio atual é trazer as políticas publicas de formação docente para visão das licenciaturas em E.E (e não em AEE que é a predominante)
- Infelizmente, hoje, os profissionais de apoio, tem sofrido uma grande precarização do seu trabalho (cargas horárias altas e salários baixos, em geral são terceirizados nos sistemas públicos de ensino).
- Uso de "estações rotativas de ensino" espaços com abordagens e metodologias distintas.
Fichamento Atividade 4 - 19-09-2023
Olá a todas, todos e todes :-)
Fiz meu primeiro fichamento da primeira leitura do curso... Coloquei no meu jardim digital. Para acessá-lo aponte seu navegador para cá (clique para abrir em outra janela).
Aprendizagem a distância - 20-11-2023
Chegamos ao final da 2º disciplina do curso (novembro de 2023) e, para mim, fica cada mais evidente que, pessoalmente, aprendo mais e melhor, em cursos na modalidade a distância, com atividades assíncronas.
Mesmo na atividade em dupla, que rola um pouco de ansiedade porque o tempo da sua dupla nunca é igual ao seu tempo, funcionou bem quando cada um trabalhou, remotamente, no seu tempo, numa ferramenta de escrita colaborativa e remota.
Claro que nem todo mundo se adapta tão bem a aprendizagem assíncrona! Mas, acredito que é muito mais por uma falta de hábito do que por uma característica intrínseca das atividades remotas! Porque, aprender no seu ritmo e, ao mesmo tempo, na interação com os outros, me parece o melhor cenário de aprendizagem!
Mas é só uma especulação da minha parte!
Como se diz, vamos que vamos!
Recesso do Curso - 20-12-2023
Eu fiz um curso de aperfeiçoamento, na modalidade EAD, pela UFJF, em 2022/2023. O curso não parou em janeiro. Eu estava viajando e cumprindo as tarefas do curso (mas não aprendendo efetivamente)...
O público alvo do curso são Professores que, como todos sabemos, tiram férias (necessárias e merecidas) em janeiro.
Achei uma tremenda bola fora do curso! Não vou julgar porque eles tinham cronograma de prestação de contas ao órgão financiador do curso, mas foi algo muito ruim.
Felizmente, o nosso curso aqui da UFRRJ, tem a sensibilidade de fazer um recesso de 20/12/2023 até 31/01/2024.
São esses detalhes, que mostram quanto um curso é pensado para seres humanos! Me senti incluído e respeitado! Parabéns a toda a coordenação do curso!
PEI e a perspectiva tecnicista e burocratizante do fazer docente
No dia 30/08 assisti atentamente a aula das Professoras Dra. Adriana Borges e Dra. Siglia Camargo.
Aula ótima, como sempre são as aulas síncronas do nosso curso.
E, das leituras e debates nos fóruns, a exposição das Professoras só reforçou minhas impressões sobre o PEI:
- Originário nos EUA, no contexto meritocrático e tecnicista de lá, querem trazer a mesma visão tecnicista e "clínica" das práticas inclusivas que, supostamente, ocorrem por lá para a nossa realidade.
- Elas parecem acreditar que se não houver registro escrito os Professores da Escola não conhecerão seu estudantes. Possivelmente com 40 estudantes em sala isso é verdade. Também é verdade que com 40 estudantes em sala, fazer registros diários dos estudantes público alvo da educação especial é uma pretensão acadêmica de quem não vive o cotidiano de uma escola real.
- Suponha que os Professores façam esses registros, que pela sua natureza são dados sensíveis, quem vai cuidar do sigilo, armazenamento e privacidade destes dados? Pense na realidade brasileira em que as vezes históricos escolares se perdem!
- Como registros de dados tendem a crescer, é óbvio que em algum momento isto será informatizado e, como sabemos, teremos os professores com a tarefa de entregar dados sigilosos a aplicativos proprietários gerados por terceiros.
- Elas negaram mas a perspectiva do PEI é claramente biomédica! Elas usaram, mais de uma vez, ao longo da aula, o mantra do pessoal que vive na vibe do complexo industrial do autismo. Temos que usar metodologias ''baseadas em evidências". Ou seja, os estudantes são reduzidos a objetos de investigação científica.
A pressão por legislações que forcem os professores a estas práticas tecnicistas propostas por "acadêmicos" que pensam que a escola pública brasileira é aquilo que eles escrevem em seus "papers acadêmicos" pode até triunfar aqui e ali, pois eu já vi este filme em 1994, nos ginásios públicos cariocas, aqui no Rio de Janeiro.
Os tecnocratas da época disseram que os professores, dos ginásios públicos, tinham que dar conceitos (A, B, C, D e E) e para cada um destes conceitos um parecer, isto é, um texto justificando o conceito.
O que os professores fizeram? Criaram carimbos. Um para cada conceito e com um parecer padrão! Responderam a insanidade de gestores com sarcasmo e inteligência.
A inclusão de todas e todos os estudantes se faz com salas de aula com um número realista de estudantes. Entre 20 e 35. Quanto mais demandantes forem os estudantes, menor o número de estudantes por sala de aula. Uma escola inclusiva é sim colaborativa, intersetorial, mas é um espaço de cuidado e do pedagógico. Cada estudante é único, singular e não é um um diagnóstico. Logo a avaliação é pedagógica e as barreiras para o acesso, permanência e aprendizagem se fazem por estratégias de acessibilidade ao currículo em diversidade de estratégias de ensido (DUA) e não por diferenciação curricular e individualização, em minha opinião.
Diálogo com a família é saudável e necessário, mas não é a família que deve determinar ou permitir que estratégias pedagógicas os professores vão seguir! Por uma questão simples. São os professores que estão no cotidiano escolar com os estudantes. E, o estudante em casa não é nem age como do mesmo modo na escola. Uma constatação empírica e acadêmica. Muitas famílias são, infelizmente, capacitistas com seus filhos (ok, muitos professores e acadêmicos também). Acreditam que o diagnóstico é uma sentença que determina, univocamente, como atender às demandas do estudante.
A escola hoje, em muitas situações, é a última fronteira entre a bárbarie e a vida cidadã. O PEI, proposto por estes pesquisadores (leiam a proposta do parecer 50 se não acreditam) é a invasão da escola pelos "saberes médicos". É a venda de certificações e terapias para cada tipo de diagnóstico, é a redução da escola a mais um espaço clínico e não um espaço da riqueza e diversidade cultural, social e pedagógica.
E por último, mas não menos importante, os serviços de AEE, os Professores de AEE, os Professores a direção escolar e todos os servidores da escola. além de, os gestores dos sistemas escolares são parte da construção de uma escola inclusiva para todas e todos independente de suas condições singulares e atravessamentos. Esta construção pode e deve ser feita a partir da ética do cuidado e não da ética da burocratização e do positivismo tecnicista.