A beleza das palavras raras

Publicado em dom 02 março 2025 na categoria Pessoal

Por que o uso de vocabulário menos frequente não é arrogância

Usar palavras pouco comuns no cotidiano (falado ou escrito) é, muitas vezes, interpretado como uma postura pretensiosa de quem as utiliza. No entanto, sem nem entrar na seara psicanalítica de quem julga, há muita diferença entre arrogância e o desejo de enriquecer a comunicação ou mesmo de se autoexpressar com seus gostos e preferências. Expandir o léxico não é sobre superioridade, mas sobre compartilhar nuances que as palavras cotidianas, por vezes, não capturam.

Quando alguém utiliza termos menos frequentes, está criando a oportunidade de popularizar expressões que podem ser mais precisas ou poéticas. Por exemplo, dizer "efêmero" em vez de "passageiro" não é, necessariamente, exibicionismo, mas uma forma de apresentar uma outra palavra que carrega um tom lírico e/ou mais amplo. O contexto em que ela é inserida ajuda a dar pistas (a quem lê ou ouve) sobre seu significado, podendo tornar o diálogo uma experiência de aprendizado mútuo.

Não conhecer uma palavra não é um problema

É natural que nem todos nós conheçamos certas palavras — afinal, o nosso repertório linguístico varia conforme nossas experiências e interesses. A comunicação é uma interação de mão dupla: se alguém não entende um termo, basta perguntar (explícita ou implicitamente). Quem utiliza o termo incomum pode explicar sem julgamentos, transformando aquela comunicação em momento de trocas. Não há vergonha ou demérito em desconhecer algo; há, também, prazer quando nos colocamos abertos à possibilidade de aprender e ensinar na interação comunicativa com nossos interlocutores.

O problema não está no uso de palavras pouco usuais, mas na (má) intenção por trás delas. Arrogância seria menosprezar alguém por não conhecer um vocábulo ou usar termos complexos apenas por acreditar que isso, de alguma forma, o coloca em uma posição de superioridade. Mas, quando a motivação é compartilhar conhecimento, expressar uma ideia com mais exatidão, ou uma manifestação de autoexpressão (gosto pessoal), a linguagem se torna um portão aberto e convidativo, não um muro para a conexão entre pessoas.

A beleza da diversidade linguística

Um vocabulário diverso é como uma paleta de cores: quanto mais tons disponíveis, maiores as possibilidades de pintura. Palavras raras, sim, podem capturar sentimentos ou situações específicas que termos usuais podem não alcançar. Há 40 anos atrás, se você perguntasse a um carioca (possivelmente também a um brasileiro típico, o que quer que venha a ser isto), escolhido arbitrariamente na rua, o que é "apoteose" ele te olharia com espanto (possivelmente um "vigilante de internet" já iria te adjetivar de pedante, arrogante, etc).

Felizmente, Oscar Niemeyer, não se intimidou com eventuais patrulhas e teve o dom de nomear a praça de dispersão do sambódromo carioca de Praça da Apoteose e hoje, esse vocábulo é usado tanto em produções acadêmicas como em xavecos sussurrados em ouvidos de pessoas que temos interesses afetivos :-) - Se você nunca usou esta palavra num xaveco #FicaADica

Um outro exemplo que me ocorreu agora foi quando eu fiz a prova de vestibular em 1989 (é isso mesmo meu/minha camaradinha... já percorri muitas translações solares). Na prova de português tinha um samba do cartola com o termo "transeuntes". Me foi amor a primeira leitura! Adoro os fonemas linguodentais do termo. Imagina se o Cartola ficasse de "mimimi" e se autocensurasse para o termo?

Poderia enumerar exemplos para "arrefecer", "convescote" (Obrigado Mário Magalhães), "fricativos", etc...

A moral da história é que você não precisa pressupor sempre uma motivação negativa no texto ou fala de seus interlocutores! Para o bem ou para o mal o mundo e as pessoas não são este 0 ou 1 simplista dos julgamentos apressados das mídias sociais!

Declaração do uso de inteligência artificial generativa

Este texto foi elaborado por mim em colaboração com uma ferramentas de inteligência artificial generativa: DeepSeek (versão disponibilizada em outubro de 2023). Após o uso desta ferramenta, eu revisei o texto gerado a partir do meu prompt. Desprezei os dois últimos parágrafos (estavam muito "Lorem Ipsum " com palavras - TM @odd@sunny.garden), mudei alguns vocábulos e adequei o texto ao meu estilo de parágrafos, palavras preferidas e exemplos que vivenciei ou escolhi de modo autoral. Os grifos são todos de minha escolha pessoal :-) De modo que, assumo total responsabilidade pelo resultado final aqui publicado.

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