Feliz Solstício de Verão e outras Miscelâneas de 2024
Publicado em seg 02 dezembro 2024 na categoria Pessoal
Então é final de ano, novamente
Em geral, início de dezembro, já tenho sinais de dezembrite aguda, isto é, aquele cansaço de final de ano de quem trabalha com educação. Mas, neste ano, chego ao final do ano sem me sentir tão cansado. Vários motivos poderiam explicar, mas o que eu acho o mais importante é que estou com aquela pulsão de vida de quem tem aprendido coisas novas e está neste deslumbramento com o novo!
A vida, como um todo, não está neste nível de empolgação mas, ao menos no que diz respeito ao meu trabalho, continuo empolgado e até me sentindo amostradinho matutanto alguns movimentos para 2025.
Desejo feliz solstício de verão a todas e todos! Boas festas aos que seguem as tradições festivas dos cristãos e tudo de bom para quem não segue estas tradições!
O melhor deste ano para mim
Não dá pra contar tudo no blogue né! Mas, no que diz respeito, ao lado profissional, este ano me senti bem animado com um grupo de estudo e uma especialização que comecei ano passado e que finalizei agora em dezembro. A nota final do TCC ainda não saiu, mas eu nunca me preocupei com notas, e sim se uma formação me emociona e me transforma. E, tanto a especialização quanto o grupo de estudo me transformaram profissionalmente para melhor! Pra quem trabalha com pessoas, no meu modo de ver, é o parâmetro que importa numa formação!
Impactos no meu modo de olhar para o mundo
Como disse, se uma formação me transformou, ela vai impactar não só no meu trabalho, mas em como eu interajo com o mundo. Entre os vários pontos que me marcaram este ano, em termos acadêmicos e pessoais, está a compreensão de que vivemos num mundo em que os "saberes médicos" parecem dominar todas as narrativas das vidas de todos, em vários espaços. É o que as pesquisadoras Maria Aparecida Affonso Moysés & Cecília Azevedo Lima Collares chamaram de "NOVOS MODOS DE VIGIAR, NOVOS MODOS DE PUNIR A patologização da vida*. Embora elas estejam discutindo sobre o excesso de diagnósticos e patologização da infância (transtornos disso e daquilo, porque crianças não podem mais ser crianças singulares) este fenômeno parece que contagiou toda a sociedade, a ponto de pessoas especularem diagnósticos sobre pessoas que já morreram, num positivismo médico-diagnóstico sobre a diferença.
Compreender que a diferença é o padrão na natureza e não seria diferente sobre seres humanos muda muito o nosso modo de conviver com todas, todos e todes! Muda o modo até de como cuidamos da nossa saúde (física e mental) sem cair na tentação da medicalização compulsória tão naturalizada em nossos tempos.
Não me entendam mal! Não estou negando aqui o sofrimento ou dificuldade que muitas pessoas vivem por conta de suas características biomédicas! O que estou concordando, com vários estudiosos e pessoas com deficiência, é que as pessoas não podem ser reduzidas apenas à suas características biomédicas! Somos todos, todas e todes atravessados por histórias, contextos sociais, culturas, desejos, superestruturas, etc.
Citando o 5º princípio da Justiça Defiça (que embora fale especificamente de pessoas com deficiência, penso que pode ser generalizado para todas as pessoas):
"Cada pessoa é cheia de histórias e experiências de vida. Cada pessoa tem uma experiência interior composta por seus próprios pensamentos, sensações, emoções, fantasias sexuais, percepções e peculiaridades. Pessoas com deficiência são pessoas inteiras."
Acrescento: Todas as pessoas são pessoas inteiras, singulares e complexas!
Não somos categorias diagnósticas! Somos pessoas singulares! O desafio de viver em sociedade é conciliar o coletivo com o singular, sem que nenhum dos dois se sobreponha ao outro. Não é fácil! Mas é um "Sul" que eu tenho me animado muito de seguir, tanto no campo profissional, como no campo pessoal!
É isso, se tudo correr bem, voltaremos a blogar só em 2025! Ótima nova translação solar para todas, todos e todes!
Blogues são conversas
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