Historia real sobre a compra de um computador e outras reflexões

Publicado em sex 25 maio 2007 na categoria weblog, Pessoais, Software Livre, BlogMóvel, Web 2.0

Lendo esta entrada no blogue do meu xará, Sergio Tucano, me lembrei de um fato real ocorrido no ano passado com uma amiga de trabalho (professora de física).

Ela estava para comprar um notebook e me pediu dicas de configuração...

Já na loja o vendedor lhe apresentou três modelos na mesma faixa de preço: Um com Linux, um com Windows XP starter e outro com Windows XP.

Por conta da semelhança de configuração (e preço) ela me ligou para pedir ajuda na decisão! Eu respondi:

- Não escolha de modo algum aquele que contém o lixo do Windows XP starter... você não poderá manter seu editor de textos e leitor de e-mail abertos ao mesmo tempo (supondo que o anti-vírus obrigatorio estará rodando mais um anti-spyware)...

Escolha entre os outros dois (na época o que tinha XP tinha mais memória RAM que o com Linux)...

Ela disse para o vendedor o que eu lhe dissera... veja (leia) as palavras do vendedor:

  • "Eu sei que é um lixo,mas não posso dizer isto para o cliente..."

Daí eu me pergunto: Como um vendedor não pode dizer para o cliente qual a sua opinião sobre um produto? Ele é obrigado a vender uma cota de lixo tecnológico?

Por que a máquina com Linux estava com menos RAM que a máquina com Windows XP?

São estas práticas comerciais de ética duvidosa (entre outras) que me deixam temeroso em relação ao relacionamento entre blogueiros e esta empresa!

E não, não estou sendo preconceituoso (ou fanboy ou xiita), estou apenas olhando os fatos à luz da história recente!

Não há nada de intrisicamente ruim quando uma empresa pretende se relacionar com formadores de opinião (em qualquer mídia). Mas é reprovável quando este relacionamento é para influenciar (via poder econômico) o conteúdo editorial daquela mídia!

Esta não é uma discussão exclusiva da blogosfera! É pertinente a todas as mídias! Lembro do Juca Kfouri (um Jornalista de primeira linha ética e profissional!) ponderando por que não fazia propaganda de produtos dentro dos seus programas jornalísticos (óbvio que ele nada pode fazer em relação ao veículo que veicula seu programa)...

Ainda nesta semana assisti uma entrevista da Regina Casé (num canal que não lembro) falando sobre o preconceito do pessoal de teatro (principalmente na década de 80) em fazer TV (ela mesmo afirmou que dissera, na época, que jamais trabalharia na Globo e depois mudou de idéia!)

Há, com certeza, bons argumentos para os dois lados (ter ou não relações comerciais com empresas ligadas ao assunto sobre o qual você emite opinião).

Mas eu, pessoalmente, ligo o meu filtro de suspeição, para opiniões de "patrocinados" por empresas de ética historicamente duvidosa!

Isso quer dizer apenas que serei mais crítico, o que tem um efeito colateral muito bom!

Quando o blogueiro (ou a mídia) deixa claro e explícita a relação com o patrocinador ou a empresa ele já começa ganhando pontos de credibilidade comigo, acho legal as resenhas patrocinadas (que mantém-se críticas em relação ao que está resenhando!).

Quando a relação é dissimulada, a credibilidade vai pro lixo, ao menos pra mim. Mas eu sou apenas um ponto numa reta :-)

Do Feisty Fawn