Mais sobre a condenação absurda e truculenta do Prof. Emir Sader

Publicado em qua 08 novembro 2006 na categoria Pessoais, Polí­tica

O leitor Eduardo Veríssimo ponderou sobre esta entrada, acerca do tratamento diferenciado dado pela "grande imprensa" sobre liberdade de opinião...

Descobri, graças ao ótimo Overmundo, a Rádio Comunitária RadioCom. E lá entrevista do Emir Sader, sobre a sua condenação em primeira instância. leiam e tirem as suas conclusões!

"Carta Maior – Como o sr. avalia sua condenação?
Emir Sader - Eu me surpreendi com a rapidez do andamento do processo, com a conclusão e com a contundência da condenação. A única audiência para a qual fui chamado aconteceu no Rio de Janeiro. Aleguei que, no artigo que motivou o processo, respondi com indignação a uma agressão feita pelo senador Jorge Bornhausen. Não tinha a intenção de injuriá-lo, como a outra parte alegava. O advogado dele não fez nenhuma pergunta e o juiz também não colocou nenhuma observação. A impressão é que não se tipificavam as acusações que se materializaram na sentença, como a de difamação.

CM – Como foi o julgamento?
ES - O julgamento caiu coincidentemente no dia em que fui eleito secretário-geral do Clacso (Conselho Latino Americano de Ciências Sociais), em 25 de agosto último. Como avisei que não poderia estar presente, o juiz alegou que o julgamento era à revelia, embora meu advogado estivesse presente. E, com esse pretexto, não convocou a nenhuma testemunha de defesa.

CM – O que o sr. pretendia com o artigo que motivou o processo?
ES - No artigo, expressei minha indignação diante da forma com que as elites brancas tratam o povo, referindo-se a “raça”, “corja”, “gentalha”, “populacho” e outros qualificativos dessa espécie. É um linguajar usual e cotidiano expresso em círculos privados. O que aconteceu com o senador foi uma espécie de crime de sinceridade.

CM – Um dos pontos da condenação é a perda de seu cargo como professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro...
ES - É um absurdo, pois ele alega que me vali da dignidade do cargo e da carreira para atacá-lo. Isso não é verdade.

CM – O sr. vê alguma relação entre a sentença e o momento político?
ES - Acho que a rapidez dos trâmites e o resultado da disputa eleitoral mostra que estamos diante dos estertores de uma direita desolada, que busca demonstrar o poder que ainda tem. Eles vêm seu espaço político se reduzir. Em outros períodos, a condenação seria uma nota de rodapé no noticiário geral. Agora ela ganha essa conotação política mais ampla.

CM – Quais os próximos passos que o sr. pretende dar no caso?
ES - De imediato, a expectativa é a da suspensão da sentença. Em seguida vamos recorrer a uma instância superior.

CM – Este caso motivou uma corrente de solidariedade poucas vezes vista em nosso país. Há um abaixo assinado com mais de 10 mil assinaturas, firmado por pessoas de várias vertentes de pensamento. O que isso significa?
ES - O segundo turno eleitoral demonstrou o potencial da esquerda brasileira. A política ficou mais clara, pelo contraste e a unidade entre as diversas forças se manifestou. Diante de ataques fortes, ficou demonstrado que há valores a unificar a direita e capazes de amalgamar a esquerda. O abaixo-assinado, não por mim, demonstra existir essa sensibilidade em busca de pontos comuns contra investidas do lado de lá. Neste caso, fica mais uma vez demonstrado o caráter de classe da justiça.

Por: Gilberto Maringoni – Carta Maior"

Se isso, não é truculência e perseguição, me digam então o que é?

Se você ainda não é um dos 10.000 signatários do manifesto de repúdio (pode ser lido aqui) a esta excrescencia[1] jurídica, envie um e-mail para solidariedadeaemirsader@hotmail.com) para assinar!

[1] - http://www.kinghost.com.br/dicionario/excrescencia.html

Do Edgy Eft

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