Sobre a polêmica de se escrever dentro da norma culta...

Publicado em ter 05 dezembro 2006 na categoria weblog, Miscelâneas, Cultura Nerd

O Carlos Heitor Cony, lança uma polêmica interessante (polêmica das que fazem pensar, não aquelas que agridem desnecessariamente para polemizar!) sobre a questão de se escrever fora da norma. O título do artigo é Xama e atensão (conteúdo fechado para assinantes da Folha ou do UOL).

Eu devo confessar que concordo com a argumentação central apresentada:

"O importante não é escrever certo. O furo está mais em cima: é pensar certo. Mas o que é pensar certo? Resposta: é pensar de acordo com a norma."

Podemos ir um passo a mais nesta questão e afirmar que as mudanças numa língua/idioma fazem parte de um processo natural de algo que é vivo e que apenas tem se acelerado graças às tecnologias de comunicação...

"Acho que o que acontece hoje é uma aceleração de um processo que desde sempre acontecia em séculos e hoje não leva mais que uma década talvez. As línguas sempre passaram por mudanças. Num certo momento da história algum romano poderia reclamar que os ibéricos estavam desaprendendo o latim e inventando uma forma de falar que ele caracterizaria como um "latim mal falado", repleto de "barbarismos". E era na verdade um novo idioma nascendo. Possivelmente estamos assistindo ao surgimento de variações dialetais. E em qualquer sociedade onde isto acontece é importante incentivar os indivíduos a se entenderem e a falarem não apenas um dialeto local restrito, mas também um idioma mais amplamente usado. Acho que é isto que precisamos nos preocupar em promover nos dois lados, tanto no lado dos adolescentes de hoje quanto dos professores.

Mais ou menos como hoje incentivamos ou procuramos incentivar nossos jovens a aprender outros idiomas." (Prof. Wilson Azevedo)

Não estou defendendo aqui que se deva escrever ou falar fora da norma culta! Estou apenas relativizando esta questão. Vejo, as vezes, um tratamento arrogante e pejorativo com o miguxês ou com formas "erradas" de se escrever e/ou falar... que longe de contribuir para uma melhor comunicação das partes, apenas revelam um preconceito linguístico improdutivo!

Eu penso que você não deve perder de vista que o mais importante é se comunicar e respeitar as diferenças! Vai entregar seu currículo, use a norma culta, Vai escrever um artigo acadêmico, use os termos do público leitor, vai se comunicar informalmente com um adolescente no Google Talk (ou outro mensageiro instântaneo), escreva do jeito que gosta e respeite como o outro escreve, se a comunicação ocorrer, então os objetivos da linguagem foram alcançados!

Porque no fundo, no fundo, o mais importante é se comunicar!

Do Edgy Eft