Sobre coberturas de eventos e filtros sociais de informação

Publicado em dom 25 janeiro 2009 na categoria weblog, Cultura Nerd, Web 2.0, campuspartybr, #cparty

Em 2009, não fui ao evento mais importante de cyber-cultura do Brasil. Logo me restou acompanhar, na medida do possível, a cobertura descentralizada.

[Parênteses]
Em 2008, muita gente boa subestimou o evento, hoje a Campus Party se firmou como o evento que toda pessoa antenada que se preza quer ir/participar ou na pior das hipóteses acompanhar.

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Se você chegou de Marte neste instante e não sabe ainda o que é a Campus Party, podemos dizer em poucas palavras que é um encontro (presencial e virtual) de pessoas gerando conversas, cultura e entretenimento interfaceados por tecnologia. Uma definição mais extensa e formal pode ser lida, apontando seu navegador pra cá.

Pra quem não pode fazer a imersão presencial nas conversas, no entretimento e no magnetismo da Campus Party restou ainda acompanhar a cobertura descentralizada e multimídia do evento.

Obviamente que se você não aprecia buscar as melhores soluções pra você e prefere as soluções genéricas uma boa pedida foi acompanhar os aglutinadores de cobertura, como por exemplo, o razoável livestream do blogblogs.

Razoável? Sim, na medida em que só era capaz de pescar uma pequena parte de tudo que se falou em blogues, flickr e etc... Aparentemente (como nas versões anteriores) a aranha do livestream está otimizada para alguns motores de blogues e não para todos!

Meus Postulados *Pessoais* sobre Coberturas de Eventos!

Por outro lado há duas coisas a se destacar, especificamente, sobre uma cobertura da Campus Party;

  • Num evento com várias áreas temáticas todos estarão interessados em tudo? Resposta óbvia e ululante: Não!
  • Se você não está dentro do evento, então do ponto de vista de quem assiste de fora, faz sentido tentar acompanhar, via texto, toda a atmosfera do evento? Resposta óbvia (e pessoal!): Não! O evento presencial tem imagens, cores, sons, cheiros, informações que estão em gestos, em bens simbólicos. Tentar cobrir tudo isso, em tempo real e com textos é como se você estivesse produzindo um "coito interrompido" em termos de informação.

Assim como cada cobertura é única, a percepção que cada um tem das coberturas, sobre o que deseja receber/ouvir/ver e etc, também é muito pessoal!

Logo, como vivemos uma web de leitura e escrita, nada mais natural(?) que cada um busque selecionar as suas fontes e faça seu próprio mashup das mesmas para ter a sua própria cobertura personalizada.

Ou dizendo de outra forma: você pode usar filtros sociais e a inteligência coletiva pra gerar conteúdo personalizado, que atenda aos seus gostos e interesses!

Mais uma vez fica claro que as coberturas das chamdas "grande imprensa" ficarão somente para o público que não se apropria das ferramentas da web 2.0!

Minha receita pessoal

Serve e atende ao meu gosto pessoal, provavelmente não serve pra você, você foi avisado!

Para os assuntos que tenho maior interesse, eu quero o máximo de entradas e tanto quanto possível, em tempo real. Logo, para as mesas que eu tinha maior interesse eu procurei por streaming de vídeos ao vivo: Ustream foi a melhor opção.

Um exemplo? Esta mesa sobre blogues em sala de aula. Aliás o chat que ocorreu durante a transmissão, em vários momentos, foi melhor do que a fala de alguns integrantes da mesa :-) e, sobretudo, melhor do que as perguntas gigantes de pessoas na platéia.

Neste quesito, vale ressaltar que houve uma cobertura oficial, ao vivo, de vários eventos. Uma coisa que poderia ser melhorada é a movimentação da câmera... em todos em que assisti a câmera ficou parada, com as palestras bem ao fundo!

Uma alternativa seria o pessoal usar a transmissão ao vivo de celulares, como nestes exemplos aqui.

Para os assuntos de menor interesse ou de muito interesse, mas que não puderam ser acompanhados ao vivo, eu prefiro uma relato dos principais pontos complementados por fotos e vídeos. Um exemplo disto é este relato aqui sobre Blogues Policiais.

Se eu não pude ir ao evento e se não pude assistir a transmissão em vídeo (ou áudio) ao vivo, então eu prefiro receber o que se passou já filtrado das irrelevâncias!

Se você reparar ele não foi feito imediatamente ao final da mesa. Foi feito com calma, com reflexão, edição e agregando o máximo de mídias e fontes para complementar o relato.

Minha tese é de que se você não pode estar imerso no evento, qualquer tentativa de recriar isto, por texto e em tempo real, é frustrante e inócua (ao menos pra mim!). Logo faça com calma e filtre o que existiu de melhor!

Um resumo da ópera

Se eu fosse criar uma receita para um cobertura feita por mim, para uma audiência com um gosto semelhante ao meu seria:

  • Criar um canal para receber vídeo e fotos em tempo real, sem nenhuma edição para os agônicos de plantão! Sugestão óbvia: http://tumblr.com;
  • Dentro de um planejamento da agenda, focado no meu interesse (ou do público para o qual farei a cobertura), 2 streaming de vídeos. Um estático usando webcam + ustream e um móvel usando um celular com câmera + banda larga + http://www.qik.com (celular com wi-fi é o desejável, mas um com 3G que funcione já dá conta do recado);
  • Relatos reflexivos filtrando todas as irrelevâncias possíveis e agregando imagens (Flickr ou Picasa), videos (dotsub) e áudio (http://www.gengibre.com.br). A ídeia é juntar reflexão ao que já foi produzido no canal para os agônicos(pegar as fotos e vídeos enviados para o canal dos agônicos e agregar a melhor síntese reflexiva que você puder produzir).

Por incrível que possa parecer, uma cobertura deste tipo não requer aparatos tecnológicos tão profissionais assim! Um asus eeepc + nokia E65 + uma conexão rápida dão conta do recado!

No fundo, vale a máxima de que somente o uso sensato das ferramentas é que pode produzir informação, tudo o mais é apenas ruído!

PS: Semana que vem, na medida do possível, vou tentar aplicar estes paradigmas neste evento aqui.