Posted by oigreslima on 20 Aug 2012 in Orientações, Professores, Reflexão, TICs
Formatos Digitais na Escola
Introdução
Para o bem ou para o mal, cada vez mais os formatos digitais fazem parte do cotidiano da Escola. Sem entrar no mérito sobre a mistificação do digital como redentor de tudo, inclusive da Educação, quero destacar aqui um equívoco que parece está se tornando recorrente por Escolas e Professores...Que formatos deveríamos pedir na entrega de trabalhos escolares
Já vi, mais de uma vez, professores (Escola) pedindo que a entrega de trabalhos de pesquisa escolar sejam feitos em formatos proprietários. Coloco como exemplo o e-mail de uma escola enviado aos seus alunos, que foi objeto de discussão na lista de discussão Software Livre Educacional: " Estimados Alunos(as) Este e-mail tem como objetivo orientar e lembrar do trabalho sobre os municípios que deverá ser apresentado nos dias, 15, 16 e 17 de agosto no auditório do colégio. Os formatos de mídias aceitas para apresentação, serão: IMAGENS: .jpg - .gif - .png SOM: .mp3 - .mp4 - .wma - .wav APRESENTAÇÃO: .ppt - .pptx - .pps - .ppsx OUTROS: .doc - .docx - .xls - .xlsx Outros formatos não serão aceitos!!! Qualquer dúvida entrar em contato " Onde está o equívoco? Exigir exclusivamente formatos proprietários que só podem ser gerados a partir do uso de softwares de determinados fabricantes! Este é um equívoco legal e ético! Equívoco legal pois a norma brasileira (ABNT) e internacional prevê como formato padrão o ODF, que para apresentações teria terminação .ODP Este formato é o utilizado, entre outros programas, pelos softwares livres OpenOffice, LibreOffice e BrOffice, que são livres e baixados gratuitamente para qualquer sistema operacional. Equívoco ético pois ao restringir a entrega somente a formatos que só podem ser gerados com softwares proprietários (e pagos) poderemos estar, indiretamente e mesmo sem intenção, incentivando o uso ilegal (uso de cópias piratas) de tais softwares! Mais sobre este aspecto está muito bem apresentado pelo Professor Henrique Sant'Anna: "O preço de um programa proprietário de computador é muito mais caro que o elevado preço que pagamos em dinheiro. Ao comprarmos e instalarmos um programa proprietário estamos também pagando com a nossa liberdade, somos obrigados a aceitar um contrato que diz não a nossa humanidade e solidariedade. Mesmo que tenhamos pago os mais de R$ 500 isto não é o suficiente, não podemos repassar tal programa nem mesmo aos nossos mais queridos, precisamos concordar em sedar nosso natural ímpeto de fazer o bem ao próximo. Somos proibidos, por contrato, de ajudar aos nossos colegas, nossos alunos, nossos amigos e até mesmo nossa própria família. Pior que isto, os fabricantes destes programas, em benefício próprio, difundem a ideia de que ajudar ao próximo é o mesmo que invadir navios, roubar, matar e violentar sexualmente aos seus tripulantes. Ou seja, que ser bom é ruim. Tal relação é absurda e inaceitável, até mesmo uma simples reflexão nos bastaria para constatar o engano que há nesta concepção. Neste contexto, uma forma de manter nossa humanidade e solidariedade é utilizando programas livres, nos negando a aceitar contratos absurdos que vão contra às virtudes mais nobres que fazem de nós verdadeiros seres humanos. Deste modo podemos repassar nossos programas a quem quisermos e sermos, por isto, considerados pessoas boas: benevolentes e solidárias. Felizmente sem o risco de sofrer da abominosa comparação com assassinos ladrões de navios. " O texto completo do Prof. Henrique Sant'Anna pode ser lido aqui. Em resumo, exigir formatos livres em trabalhos escolares contribui também para a discussão de valores que, em última instância, estão preconizados em nossa Lei de Diretrizes Básica (LDB,1996): "Art. 2◦ A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." Portanto, Escolas e Professores, considerem a adoção da norma brasileira integralmente (padrões livres e abertos) ou ao menos em conjunto com os formatos que estão acostumados e/ou aprisionados! Principalmente se a sua Escola adora usar o adjetivo "inovador" :-) PS: Este texto foi motivado pela discussão que ocorreu na lista Software Livre Educacional e, também, por conta de uma situação real vivida por minha filha na entrega de um trabalho escolar. Alguns dos argumentos desse texto foram retirados de um modelo de carta sugerido pelo Prof. Paulo Francisco Slomp. This entry was posted by oigreslima and filed under Orientações, Professores, Reflexão, TICs. Tags: oer, software-livre.