Num texto anterior, eu dei meu pitaco sobre a questão das formas de remuneração do trabalho intelectual, em particular, em blogs, sítios, portais e correlatos... Na verdade esta discussão foi explicitada pelo Cardoso e debatida em muitos outros blogs (aqui, aqui, aqui e etc...) e até mesmo em matéria na folha (conteúdo fechado para assinantes)!
Mas eu gostaria de pensar para além da remuneração direta! Primeiro, porque todos os textos citados já se detiveram neste aspecto (que é importante, diga-se de passagem) e segundo, pois tenho a intuição (não tenho ainda uma convicção irrefutável!) de que formas indiretas podem ser tão impactantes quanto as diretas, em termos econí´micos!
Assim como na música, o CD é uma das formas de divulgação da obra do artista, e ele efetivamente ganha dinheiro com os shows e outras formas de venda de sua imagem... é provável que os autores de livros, blogs, portais, sítios etc... que divulgam/distribuem sua produção intelectual na web, sob licenças que permitam a remixagem de idéias e livre circulação das mesmas (reprodução dos trabalhos sob certas condições bem definidas) sejam remunerados, também, por oficinas, cursos, palestras, seminários, conferências, prestação de serviços (via b2b) e outras formas de remuneração do trabalho intelectual que não me ocorrem agora! Ou seja, o modelo de remuneração baseado exclusivamente na restrição/venda direta da obra e/ou monetização direta ( friso que estou especulando) pode não se manter próspero na era da informação!
Polêmico? Certamente. É provável que nem todo conteúdo se adeque a este "modelo de negócio" ou que modelos intermediários possam ser construídos. Mas como estou especulando, vou fazer um ensaio hipotético de aplicação do modelo aqui proposto!
Uma aplicação hipotética do modelo
Você é, hipoteticamente, o gerente de um projeto de implantação de uma versão EAD (substitua por qualquer outro projeto mais próximo da sua área de atuação) de treinamento em serviço na sua empresa. Você tem um orçamento, um prazo e uma meta a cumprir. Você precisa contratar uma empresa ou um profissional para te ajudar em questões específicas, ou mesmo em todo o projeto.
Nos seus feeds, você tem uma série de pessoas/projetos que você tem acompanhado no que diz respeito a produção intelectual. Profissionais com as competências e/ou expertise diretamente ligadas aos seus projetos. E só porque estes profissionais se tornaram visíveis pra você, graças a produção intelectual fartamente disponível, que foi possível você os contratar (b2b) e o seu projeto ter se realizado dentro do prazo e com o sucesso desejado por você!
Outros profissionais, igualmente competentes, não ficaram visíveis pra você pois ainda distribuem/divulgam sua expertise, exclusivamente, na forma de livros e/ou conteúdo com divulgação restrita por copyright! Onde a simples citação de parte da obra pode ser um crime!
Deveria ser evidente que, este modelo, é tanto mais realista quanto maior for o uso das tecnologias de informação e comunicação nas várias áreas da economia! E, parece que este é o caso na economia atual, além de um processo irreversível!
Alguns possíveis casos reais (cases) de aplicação do modelo
É provavel que muitos profissionais que mantém um blog/sítio ligado a sua expertise já tenham sido contactados profissionalmente por conta disto e não se tenham dado conta! Outros apontam isto explicitamente:
Graças ao seu sítio foi contactado para escrever um programa. Além disso, tem livros publicados e que são, também, divulgados no sítio!
O Jeferson Martinho, tem um portal sobre Ufologia. E segundo seu relato, já foi contactado por grandes portais, exclusivamente pelo conteúdo do portal!
Poderia ainda citar o Carlos E. Morimoto, do Guia do Hardware que remunera sua expertise, aparentemente, por este modelo! Ou vários outros exemplos...
3 - Eu mesmo já utilizei a expertise de um profissional, graças a divulgação da mesma no seu weblog!
Evidente também que, no Brasil, ainda estamos engatinhando em termos de acesso ao mundo digital, mas não tenho dúvidas que este é um processo sem volta. Daqui a 5 anos (ou menos) o número de usuários será muito maior e, consequentemente, as necessidades de serviços e bens intangíveis nesta área tende a crescer. Será que a sua expertise não estará sendo requisitada?
Concluindo o texto
As idéias apresentadas aqui não devem ser consideradas definitivas mas, uma contribuição para o debate acerca da monetização da expertise. E por ser um debate, seria interessante ouvir outras vozes... você, tem uma opinião diferente? Deixe-me saber!
Do Dapper Drake