Introdução
Em que se pese as justas reivindicações do trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho e o legítimo direito de greve, quase todos os movimentos grevistas que escolheram o período da #CopadasCopas para exercer este direito lograram derrotas, algumas mais outras menos acachapantes... abaixo eu esboço minha análise (preliminar) sobre o porquê destas derrotas, mesmo que elas pareçam como análise de obras prontas!
Características comuns dos Movimentos Grevistas Derrotados
Embora eu esteja tomando como referência a greve do servidores em escolas técnicas federais, representadas pelo SINASEFE, a análise pode ser aplicada, sem muitas diferenças a todos os demais sindicatos que perderam a queda de braço com seus "patrões" neste período (Copa do Mundo de Futebol no Brasil (2014)):
Motivo 1 comum aos movimentos grevistas derrotados - Todos os movimentos derrotados, apostaram no diagnóstico de nossa mídia golpista, nos profetas do caos. Apostaram que a #CopadasCopas seria um fracasso, com atraso nos aeroportos, com estádios não entregues e com várias manifestações na rua. Com a chegada da #CopadasCopas e do seu absoluto sucesso, reconhecido pela imprensa estrangeira (e a contra-gosto) pela nossa mídia golpista, todo o terreno fértil para a fragilização do Governo Dilma não se realizou. Apostaram na análise errada e ficaram sem o contexto social e histórico para manterem a sociedade refém de seus "interesses classistas". Não vou nem entrar na questão da ignorância cultural e antropológica de subestimar que o Futebol civiliza, também, os pés...
Mídia mundial bate o martelo: "Dilma fez a melhor Copa da historia !!!" #CopaDasCopas pic.twitter.com/tawTg0h36J
— Turquim (@turquim5) 11 julho 2014
- Motivo 2 comum aos movimentos grevistas derrotados - Nenhuma mobilização real na base. Infelizmente a maior parte dos nossos sindicatos não tem nenhuma organização real na base. Fora dos movimentos de greve, não há discussão na base, não há atividades de formação política, discussão qualificada e constante dos sindicalizados sobre o contexto histórico, formas contemporâneas de organização e luta dos trabalhadores e etc. Para dar um exemplo real, no SINDSCOPE, sindicato ao qual eu sou filiado e pertence a base do SINASEFE, numa assembléia local um mês antes da "greve nacional" tinham 8 pessoas na assembléia, sendo 5 da direção do sindicato!
- Motivo 3 comum aos movimentos grevistas derrotados - Há, infelizmente, nos sindicatos ligados ao serviço público, uma crença que primeiro se faz uma greve e depois, supostamente em função da greve, se constrói a mobilização dos trabalhadores. Pessoalmente, eu acho que a ordem deveria ser inversa! Há um cinismo do nosso movimento sindical que coloca a sociedade como refém de nossos "interesses classistas" (uma vez que nossas paralizações não produzem pressão econômica no nosso patrão) e apostam no desgaste do governo para que nossas reinvidicações sejam atendidas. Esta dinâmica ou nos levam a derrotas, como foi o caso agora, ou nos levam a vitórias de Pirro
Fechando o texto e começando a conversa...
Na assembléia de encerramento da nossa greve (derrotada) ouvi todo tipo de sofismo: "Não ganhamos nada mas foi um greve corajosa, vitoriosa e bla bla bla..." Perder ou Ganhar faz parte da vida! Não foi o que mais me preocupou! O que realmente me preocupou (e continua me inquietando) foi o movimento não fazer uma auto-crítica séria sobre seus erros de avaliação e de ação.
Continuar a acreditar que 3 minutos para cada pessoa expor sua visão do movimento a cada 7 ou 15 dias caracteriza uma discussão qualificada e democrática dos trabalhadores é insistir numa visão anacrônica de discussão democrática!
Continuar a apostar que somente discursos inflamados em assembléias e palavras de ordem são estratégias de luta e organização dos trabalhadores é nos condenar a novas derrotas ou "vitórias de Pirro".
Apostar apenas na paralização das atividades (colocando a sociedade como nossa refém) como sinônimo de "estar na luta" esquecendo-se que quando os servidores públicos suspendem suas atividades são os trabalhadores mais necessitados que sofrem as consequências (e não adianta cinicamente gritar "Ei DIlma a Culpa é Sua") só continuará a não resolver os nossos problemas, nem os problemas da população, além de não "fazer nem cócegas" em qualquer governo minimamente informado.
Enquanto o "discurso classista raivoso" imperar nas nossas direções sindicais, a "base dos trabalhadores" continuará alienada do sindicato e da organização dos trabalhadores... para o mal de todos nós!