Contexto Introdutório
Depois de um café quente da manhã resolvi formatar um velho táblete sansung P5100 para que minha filha o use como dispositivo leitor de pdfs... Para isso precisava fazer uma "curadoria" das fotos e vídeos que estavam no mesmo... e então me veio a vontade de problematizar (verbo mais chique que blogar) sobre esse tema... E de quebra, tiro um pouco da poeira aqui do blogue :-)
Superprodução de conteúdos
Que vivemos num mundo com uma superdosagem de informação/conteúdos, 12 entre 10 pessoas já sabem?! Esse nosso déficit de atenção imperceptível (?) é só um dos sintomas... Essa nossa ansiedade em acompanhar tudo que as pessoas próximas (ou nem tão próximas assim...) publicam em seus mais diversos perfis de mídias sociais, essa "nossa necessidade patológica cultural de publicizar tudo que vivemos", as vezes, sem que percebamos, acaba se tornando parte da própria experiência que estamos publicizando.... Epa... não era sobre isso que eu ia escrever...
Na real, o que me motivou mesmo escrever esse texto foi a seguinte questão: Será que teremos tempo de revisitar tudo que estamos produzindo em termos de registros de nossas experiências? Como assim Sérgio? Eu lembro que uma das coisas que eu sempre fazia quando ia a casa dos meus pais logo depois que casei era ver o "álbum de fotos antigas" em monóculos ou álbuns analógicos... Muitos anos depois, uma prima da minha companheira de viagem, que tinha chegado de Paris, nos fez ver 2000 mil fotos que ela tinha tirado na sua viagem (naquela época já tinha achado uma tortura - sério, não façam isso com ninguém*)... e agora dando uma olhada sobre o que valia a pena ser guardado (de vídeos e fotos) pessoais que estavam no táblete reparei que precisaria de mais tempo do que estava disposto a gastar com esse conteúdo.
Não sei se vocês pegaram o ponto central. Nós registramos tanta coisa, na esperança de revisitarmos os nossos bons momentos, mas na prática, nós teríamos que ter outra vida só para vermos toda a nossa produção. Veja, estou falando só da nossa produção! Se colocarmos na conta a produção de filhos e filhas, de parceiros e parceiras de vida... precisaríamos de mais 30 vidas! Nessa tocada, no futuro precisaremos de editores/curadores da nossa própria produção!
Quem sabe a tecnologia evolua para algo no estilo do filme Matrix: A gente carrega no cérebro toda a nossa produção em segundos e pronto... Cada vez mais eu me convenço que EU sou uma pessoa, desculpem-me o estrangeirismo, slow living... isto é... sorva a vida lenta e intensamente.... foque na experiência, não no registro... e exercite sua memória...
* A versão atual dessa tortura é publicar 500 fotos e vídeos nas mídias digitais em tempo real...