Um Kit minimalista de TICs para Professores - Parte II

Posted by on 6 Jun 2008 in mestrado, Colaboração, Educação, Web2.0

Preâmbulo

Esta é a segunda parte de uma série de 5 textos. A primeira parte pode ser lida seguindo este apontador.

Introdução

Neste texto vou argumentar quais os paradigmas tecnológicos que me parecem mais adequados para que a transição da lousa para as TICs dependa mais do professor do que da superestrutura no qual ele está inserido.

Paradigma 1: Minimalismo Tecnológico

Um "erro" bem comum que vários professores (ou administradores de sistemas escolares) tendem a incorrer é achar que quanto mais sofisticado forem as tecnologias, máquinas ou softwares, melhores serão os resultados em educação (e em outras áreas também!). Mas isto não é nem de perto a verdade!

O uso do mais simples é quase sempre o mais eficiente em educação! Ou, se preferir: Menos é Mais, também na Educação!

Os pioneiros da Educação on-line, como por exemplo, Sir John Daniel, atual diretor de Educação da UNESCO, que foi reitor da Open University por 10 anos, entre 1990 e 2000, apontam, a partir de suas experiências, para uma abordagem diferente, isto é, para um minimalismo tecnológico ou "aprendizagem com baixa tecnologia com frequência funciona melhor".

O princípio do Minimalismo Tecnológico pode ser enunciado do seguinte modo, conforme Berge:
"We are defining technological minimalism as the unapologetic use of minimum levels of technology, carefully chosen with precise attention to their advantages and limitations, in support of well defined instructional objectives"

Em bom português:

"Estamos definindo o minimalismo tecnológico como o uso "despreocupado" de níveis mínimos de tecnologia, cuidadosamente escolhidos, com especial atenção às suas vantagens e desvantagens, no apoio de objetivos instrucionais bem definidos."

Portanto, não se trata de escolher o computador top de linha(era a principal crítica ao OLPC e hoje todo mundo quer ter um eeePC!) ou o hype da moda! Trata-se de se escolher adequadamente as ferramentas mais simples que atendam os objetivos educacionais estabelecidos.

Pra dar três exemplos:

Porque usar ferramentas de micro-blogging (Twitter e seus clones) em educação quando uma lista de e-mail é mais eficaz e simples de se gerenciar?
Por que usar um gerenciador de aprendizagens (Moodle, Dokeos e etc) quando um simples blogue pode ser mais fácil e simples de se administrar e manter?
Por que usar um mundo virtual (Second Life) em educação, quando virtualizar apenas um fenômeno específico pode ser suficiente?. Além do escapismo do mundo real, implica em conexões mais rápidas e hardware mais poderoso, com resultados, até onde eu sei, não significativos!

O ponto central é que, muitas vezes, o professor terá que administrar as TICS por conta própria, sem apoio institucional! E a simplicidade poderá ser a diferença entre um projeto abandonado pelo meio do caminho ou o acúmulo de experiências enriquecedoras de aprendizagens!

Paradigma 2: Software Livre

Quando você leva em conta que muitas vezes o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação, no contexto escolar, é uma iniciativa do professor (ou de um grupo de professores) sem apoio institucional, escolher um paradigma que tenha o melhor custo-efetividade pode ser crucial!

Um outro ponto que pode fazer a diferença na manutenção de tecnologias na escola é o suporte. Softwares proprietários, além dos custos de licenciamento (ninguém vai usar software pirata na escola não é!) via de regra tem suporte comunitário quase nulo. Ao contrário do modelo de Software Livre, que incentiva o compartilhamento do conhecimento!

Finalmente, a capacidade de uma experiência bem sucedida de uso de TICS em contextos educacionais ser reproduzida em outros contextos é maior com uso de software livres, devido não só aos custos quase nulos, mas sobretudo, pela capacidade intríseca que eles têm de permitir modificações no software. Ao contrário do software proprietário, que é uma caixa preta que você tem que usar do jeito que é feito, softwares livres podem ser alterados, melhorados ou personalizados!

Concluindo

A possibilidade do professor introduzir softwares e tecnologias no seu cotidiano é facilitada quando este tem não só a liberdade de usar, distribuir, alterar, compartilhar as soluções utilizadas, como também, quando esta liberdade não gera custos ou problemas legais para a escola.

Software Livre permite que se faça mais, com custos menores e quase sempre com mais segurança e mais qualidade!

E, dentre as várias possibilidades de Software Livres, usar a mais simples e eficiente (e não mais hypada ou cheia de firulas!) poderá fazer a diferença entre uso sistemático ou uso eventual!

Cenas do Próximos Capítulos

No próximo texto, vou abordar a conveniência de se ter, desde o início, uma identidade e uma referência na web. Como isto poderá poupar trabalho num futuro, quando a produção de material do professor tende a crescer!

Do Hardy Heron

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Prof. Física no Ensino Médio e um entusiasta da inteligência humana. Mais? Leia meu Sobre!

This entry was posted by Sérgio Lima and filed under mestrado, Colaboração, Educação, Web2.0. Tags: professor, tecnologia, tics.

8 comments, 1 webmention

Comment from: Cid R Andrade

Sérgio,
Parabéns pela iniciativa desta série de artigos.
Farei alguns comentários.
O microblogging não deve substituir mesmo uma lista de e-mail, mais simples e com mais recursos. Mas o microblogging pode ser útil, como nesta utilização do Prof. Wesh.
Mas concordo plenamente que blogs e outras ferramentas simples podem substituir o incensado Moodle.
E a defesa do Software Livre é clara e indiscutível!

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Opa Cid!

Obrigado pelos comentários e sinta-se sempre a vontade para apontar outras perspectivas.

Como disse, é uma visão bem particular e tem em mente o seguitne contexto. Quando a introdução das TICs recai nas mãos do professor (e não de uma equipe de TI o apoiando) escolher o mais simples e eficaz e usando padrões abertos pode fazer a diferença.

Evidentemente que contextos específicos podem lançar mão de outras ferramentas. Twitter é até simples de usar, mas tenho "a impressão" que o acompanhamento da produção dos alunos nesta ferramenta, poss anão ser tão simples assim!

De qualquer modo, vou seguir o apontador e manter minha mente aberta :-)

Mas uma vez obrigado pro enriquecer o texto com seus comentários (e referênias!).

Abraços

Comment from: Cid R Andrade

Esqueci do endereço da utilização do Prof. Wesch: http://blog.cidandrade.pro.br/technology/lecionando-com-twitter-uma-experiencia-universitaria/

Comment from: Alexandre de Sousa

Essa série de textos foi feita pra mim! Não sei se já viu o email que mandei, mas está sendo bastante útil.

Eu cometi o erro de achar que o Moodle seria a ferramenta que eu precisava. Perda de tempo!

Abraço

=====

Opa Alexandre!

No momento em que respondo este comentário, ainda não recebi o e-mail que você comenta.

O Moodle o o Dokeos são ótimos, mas introduzem uma complexidade que nem sempre se faz necessária! Cada vez mais eu me convenço que quanto mais simples (e eficiente!) melhor! Complexidade só deve ser introduzida se for realmente necessária!

abração pra ti!

Comment from: Alexandre de Sousa

Sérgio, enviei novamente o email, respondendo ao que chegou com sua resposta acima.

Comment from: admin

Cometário enviado pelo Cacilhas (via e-mail) devido a problemas com o B2Evolution!
É Sérgio,
>
> Você tocou num ponto sensível.
>
> Informática e Educação juntos geralmente são reduzido a e-Learning,
> mas pode ser bem mais que isso.
>
> Para se falar em CAE – Computer-added Education – é preciso falar em
> Professor Papert, Piaget e Construcionismo.
>
> Quanto a XO vs. Eee ou Clasmate, Eee e Clasmate são apenas notebooks
> ruinzinhos enquanto o XO é uma ferramenta educacional – porém, ao
> instalar Ubuntu ou outra coisa trivial no XO, ele deixa de ser uma
> ferramenta educacional e vira mais um notebook ruinzinho.
>
> Os paradigmas de aplicação do computador na Educação estão distorcidos.
>
> Educadores geralmente não entendem de computador e confiam em
> informatas – que não entendem de Educação!
>
> As «interfaces» de comunicação – como o Construcionismo – são
> simplesmente ignoradas.
>
> É algo a se considerar.
>
>
> []'s
> Cacilhas, La Batalema

Minha Resposta
Opa Cacilhas!

Desculpe a demora em responder.... Tô lendo este email só agora !

Sobre o seu comentário em si, concordo em gênero, número e grau! Aliás o problema da incompreensão do XO é este. É tratado como um problema de TI quando é um hardware determinado por uma visão pedagógica!

Abração

Comment from: Gládis Leal dos Santos

Oi Sérgio,

Muito pertinente tuas considerações. Comapartilho de sua opinião. Já passei da fase de querer experimentar cada novidade que aparece. Gostei de utilizar Wiki, que na elaboração de cursos de formação para fprofessores foi de grande utilidade para a equipe de tutores que tinha acesso aos documentos e construía em conjunto os textos. E os blogs que oferecem recursos cada vez mais completos são meus preferidos.

Abraço
Gládis

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Opa Gladis!

A idéia básica é o seguinte; Se você tiver uma equipe de TI para te apoiar, aí pode escolher a ferramenta mais completa. Mas, na nossa realidade, quase sempre estaremos sozinhos, ou quando muito, sem uma equipe de TI dedicada.

Nesta caso, o mais eficiente é usar o minimalism tecnológico! Em todos os casos (com o sem equipe de TI) usar Software Livre ;-)

A liberdade e o poder dos padrões abertos não podem nem ser arranhados por qualquer solução proprietária!

abraços!

Comment from: Wilson Azevedo

Sergio, veja http://pt.wikipedia.org/wiki/Minimalismo_tecnológico

Vamos completar juntos aquele verbete da wikipedia?

Opa Wilson!

O artigo já está excelente. Não vejo como melhorá-lo mais. Ademais, o que sei sobre minimalismo aprendi com você!

Abraços

Comment from: Névio

Fantástico. Parabéns, vou indicar para os professores da escola da minha filha, que estão super resistentes äs idéias de wiki na escola.

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Opa Névio,

Toda novidade pode nos causar um certo receio... mas coletivamente todos podem se apropriar da ferramenta e dinamizar as aulas...

abs

Webmention from: aprendendofisica.net

http://aprendendofisica.net/rede/blog/apoio-emocional-cognitivo-e-aprendizagens-de-fisica-precisamos-ter-esta-conversa/