Cartas de Oswaldo - Macau -RN
O Centro Cultural Correios fez uma exposição (já fora de cartaz) de cartas pessoais de Oswaldo Cruz. Eu fiquei deslumbrado com uma carta em que ele descreve para sua esposa "Miloca" o pôr do Sol em Macau...
Eu fiquei ouvindo (foto acima) a narração da carta por uns 20 minutos para transcrever o trecho da gravação... Abaixo a transcrição e minha leitura da mesma!
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Descemos à vila que era de um aspecto desolador,
uma série de choupanas quase em ruínas que é habitada por uma pequena população mal nutrida de aspecto sofredor constituída em sua maioria por pescadores. As mulheres ocupam-se em fazer rendas de bilros, umas rendas que fazem desfiando panos em teares que denominam labirintos.
Interrompi um pouco essa carta para apreciar o pôr do sol aqui. Que espetáculo maravilhoso! Ao longe uma praia de areias mui alvas com um extenso coqueiral descrevendo sinuosidades entrecortadas no horizonte. Mais além, nuvens de um vermelho violeta nos meio dos quais o Sol, como uma grande esfera em brasa, desaparecia lentamente...
É o crepúsculo! A agonia do dia, a hora da saudade! Em que a mente se povoa das cenas do lar longínquo, da esfinge dos entes queridos. Em que o coração se constrange, dos olhos cansados de contemplar essa beleza inesgotável de nosso país, umedecem-se em ver as cenas que se estão passando em nossa imaginação!
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