Preâmbulo
Esta é a segunda parte de uma série de 5 textos. A primeira parte pode ser lida seguindo este apontador.
Introdução
Neste texto vou argumentar quais os paradigmas tecnológicos que me parecem mais adequados para que a transição da lousa para as TICs dependa mais do professor do que da superestrutura no qual ele está inserido.
Paradigma 1: Minimalismo Tecnológico
Um "erro" bem comum que vários professores (ou administradores de sistemas escolares) tendem a incorrer é achar que quanto mais sofisticado forem as tecnologias, máquinas ou softwares, melhores serão os resultados em educação (e em outras áreas também!). Mas isto não é nem de perto a verdade!
O uso do mais simples é quase sempre o mais eficiente em educação! Ou, se preferir: Menos é Mais, também na Educação!
Os pioneiros da Educação on-line, como por exemplo, Sir John Daniel, atual diretor de Educação da UNESCO, que foi reitor da Open University por 10 anos, entre 1990 e 2000, apontam, a partir de suas experiências, para uma abordagem diferente, isto é, para um minimalismo tecnológico ou "aprendizagem com baixa tecnologia com frequência funciona melhor".
O princípio do Minimalismo Tecnológico pode ser enunciado do seguinte modo, conforme Berge:
"We are defining technological minimalism as the unapologetic use of minimum levels of technology, carefully chosen with precise attention to their advantages and limitations, in support of well defined instructional objectives"
Em bom português:
"Estamos definindo o minimalismo tecnológico como o uso "despreocupado" de níveis mínimos de tecnologia, cuidadosamente escolhidos, com especial atenção às suas vantagens e desvantagens, no apoio de objetivos instrucionais bem definidos."
Portanto, não se trata de escolher o computador top de linha(era a principal crítica ao OLPC e hoje todo mundo quer ter um eeePC!) ou o hype da moda! Trata-se de se escolher adequadamente as ferramentas mais simples que atendam os objetivos educacionais estabelecidos.
Pra dar três exemplos:
- Porque usar ferramentas de micro-blogging (Twitter e seus clones) em educação quando uma lista de e-mail é mais eficaz e simples de se gerenciar?
- Por que usar um gerenciador de aprendizagens (Moodle, Dokeos e etc) quando um simples blogue pode ser mais fácil e simples de se administrar e manter?
- Por que usar um mundo virtual (Second Life) em educação, quando virtualizar apenas um fenômeno específico pode ser suficiente?. Além do escapismo do mundo real, implica em conexões mais rápidas e hardware mais poderoso, com resultados, até onde eu sei, não significativos!
O ponto central é que, muitas vezes, o professor terá que administrar as TICS por conta própria, sem apoio institucional! E a simplicidade poderá ser a diferença entre um projeto abandonado pelo meio do caminho ou o acúmulo de experiências enriquecedoras de aprendizagens!
Paradigma 2: Software Livre
Quando você leva em conta que muitas vezes o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação, no contexto escolar, é uma iniciativa do professor (ou de um grupo de professores) sem apoio institucional, escolher um paradigma que tenha o melhor custo-efetividade pode ser crucial!
Um outro ponto que pode fazer a diferença na manutenção de tecnologias na escola é o suporte. Softwares proprietários, além dos custos de licenciamento (ninguém vai usar software pirata na escola não é!) via de regra tem suporte comunitário quase nulo. Ao contrário do modelo de Software Livre, que incentiva o compartilhamento do conhecimento!
Finalmente, a capacidade de uma experiência bem sucedida de uso de TICS em contextos educacionais ser reproduzida em outros contextos é maior com uso de software livres, devido não só aos custos quase nulos, mas sobretudo, pela capacidade intríseca que eles têm de permitir modificações no software. Ao contrário do software proprietário, que é uma caixa preta que você tem que usar do jeito que é feito, softwares livres podem ser alterados, melhorados ou personalizados!
Concluindo
A possibilidade do professor introduzir softwares e tecnologias no seu cotidiano é facilitada quando este tem não só a liberdade de usar, distribuir, alterar, compartilhar as soluções utilizadas, como também, quando esta liberdade não gera custos ou problemas legais para a escola.
Software Livre permite que se faça mais, com custos menores e quase sempre com mais segurança e mais qualidade!
E, dentre as várias possibilidades de Software Livres, usar a mais simples e eficiente (e não mais hypada ou cheia de firulas!) poderá fazer a diferença entre uso sistemático ou uso eventual!
Cenas do Próximos Capítulos
No próximo texto, vou abordar a conveniência de se ter, desde o início, uma identidade e uma referência na web. Como isto poderá poupar trabalho num futuro, quando a produção de material do professor tende a crescer!
Do Hardy Heron