Muitas escolas, no Brasil inteiro, começam o ano letivo de 2006 agora em fevereiro (no Colégio Pedro II/RJ ainda estamos terminando o ano letivo de 2005!) e uma pergunta que todos os envolvidos com educação deveriam se fazer é: Por que ir a escola no século XXI?
Não estranhe, que muita gente de educação (ou na educação!) sequer considere fazer esta pergunta. Estranhamente a Escola é uma das instituições ocidentais mais conservadoras. E para ser repetitivo, só vou dar, quer dizer, citar um exemplo. Ainda dispomos os alunos em sala de aula como os jesuítas propuseram no século XVII.
Penso que esta discussão deveria ser feita no primeiro dia de aula, principalmente nas séries iniciais de cada ciclo, com a profundidade compatível a ocasião e público. Por que? Porque apesar das óbvias e ululantes transformações que o mundo (local e globalmente) vem passando a Escola segue quase que imutável no seu cotidiano!
Lendo esta entrada sobre o fechamento da West Union, empresa de telegramas que sucumbiu ao uso intensivo de e-mails (correio eletrí´nico) e constatando que muitos professores, no Brasil, ainda não o utilizam, ou pior, sub-utilizam esta ferramenta básica de comunicação, vejo quão importante seria para escola se perguntar (e procurar responder) por que os alunos devem ir a escola no século XXI e o que os profissionais de educação devem fazer nesta escola.
Será que cumprir os extensos programas curriculares (elaborados na época da revolução francesa), numa sociedade em que mudanças profundas do cotidiano ocorrem em prazos de 5 anos, é a opção mais acertada para formar os atuais/futuros cidadãos?
Seria o "foco no ensino" (em detrimento do "foco na aprendizagem") a opção mais acertada para uma sociedade em que é necessário aprender sob demanda e gerenciar informações e redes de contatos (inteligência coletiva), para não se tornar obsoleto?
Será que os vestibulares continuarão a ser os únicos referenciais de qualidade da educação? Ou dizendo de outro modo, quem aprende a aprender, a buscar informações, a entender como se joga, como as coisas funcionam, como vislumbrar cenários futuros, não estaria preparado para o jogo dos vestibulares e, o que é mais importante, para a vida e para o "mundo do trabalho"?
Evidentemente, qualquer mudança de paradigma da Escola, implica em grande esforço de formação continuada (capacitação em serviço) de um número enorme de profissionais. Mas as condições materiais já existem, as TICs (Tecnologias de Comunicação/Colaboração e Informação) já estão muito maduras e as soluções cabem em orçamentos modestos.
É preciso que os vários esporos de "educação pensada para o século XXI", que já existem por este Brasil (e pelo mundo) consigam a (difícil) transição da formulação para a ação. E então as pequenas hegemonias locais possam contagiar a hegemonia atual.
Como? Também não tenho "a" resposta, mas desconfio que o embrião dela já existe por aí...
Do Edubuntu