Porque Prova Unificada em Sistemas de Ensino é uma má ideia!
Introdução
No Colegiado do Departamento de Física do Colégio Pedro II/MEC surgiu a proposta (e consequentemente a discussão) se deveríamos fazer uma prova unificada para todos os Campi ou não. Evidentemente que há Professores e colegas que são a favor da proposta e outros que são contra. Na tentativa de contribuir com um debate mais qualificado sobre o tema, rascunho aqui os meus argumentos porque sou contra e, mais, porque sou contra os chamados "testes padronizados"!
Pressupostos Pedagógicos
Acho que já está bem estabelecido nos PCN+ que a avaliação é uma parte indissociável do processo de aprendizagem-ensino. Portanto uma prova unificada é incompatível com o respeito as particularidades de cada campus, a diversidade de micro-realidades e, não menos importante, incompatível com o respeito com as diferenças de concepções pedagógicas e educacionais de cada professor. (BRASIL, PCN - 2006):
"Portanto, a avaliação das aprendizagens só pode acontecer se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto é, analisando a adequação das situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que estão em condições de enfrentar."
Esse ponto crucial, per si, já seria suficiente para refutarmos tal retrocesso educacional!
Ponderando os argumentos do defensores da Prova Única
- Os vestibulares são unificados, os alunos precisam se acostumar com isso! - Vestibular NÃO É INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM É INSTRUMENTO DE SELEÇÃO. Não se pode misturar alhos com bugalhos. Nem é objetivo da escola básica preparar o aluno para o vestibular! Isso é uma deturpação! Mas isso já é outra história! Só para fechar esse ponto, o papel da Escola é preparar os alunos para o mundo (social, do trabalho e etc). Portanto as estratégias de aprendizagem-ensino-avaliação devem estar focadas neste objetivo, não naquele!
A Prova Única garante que todos os Professores Cumpram o Programa e trabalhem num mesmo "nível" - Prova não é instrumento administrativo! Para que todos os professores cumpram o programa existem os coordenadores dos campi, as RPS, o SESOP, a Chefia de Departamento e etc. A ideia (falsa) que todos os alunos chegarão a um mesmo nível em função das ações de ensino não sobrevive às evidencias experimentais. Numa mesma sala, submetidas ao mesmo Professor, os alunos têm desempenhos diferentes! Imagina num mesmo Campus, em regiões sócio-econômicas diferentes? Não
podermospodemos perder de vista que o Colégio Pedro II é uma Escola que é repartição pública, e não uma repartição pública que é Escola. O pedagógico deve se sobrepor ao administrativo! Sempre!
Um último argumento prático-histórico!
Na gestão do Prof Luiz Roberto como chefe do Departamento de Física (2002), devido a uma canetada do Prof. Wilson Choeri, foi tentada a tal prova unificada. O resultado (meio óbvio) foi que para que a prova fosse unificada tivemos que escolher o mínimo de conteúdos para avaliar. Porque, pelos mais variados motivos, alguma unidades (agora campi) estavam adiantadas e outras atrasadas em relação ao programa definido.
Num universo de 9 campi, 50 professores, a chance de um imprevisto local ocorrer são grandes! Além de contra-producente pedagogicamente é, também, do ponto de vista prático.
Fechando a conversa
Sintam-se a vontade para ponderarem sobre os argumentos aqui apresentados usando os comentários ou publicando em algum espaço aberto de discussão assíncrona!
[atualização]
Concordo com os argumentos do Sérgio.