Introdução
Eu já escrevi sobre isso, comentando um caso particular, em 2011! Entretanto, nos tempos atuais (2019) em que um boçal ocupa a presidência do Brasil, em que os Professores são eleitos, por setores conservadores da sociedade brasileira, como inimigos da juventude e da sociedade, nunca é de mais demais retomar esta conversa!
Também, nunca é demais reforçar que não trago absolutos! Não pretendo "cagar regras"! Cada um sabe onde seu calo aperta! Cada um deve, colega Professora e Professor, sulear suas práticas por suas convicções e escolhas de quais batalhas deseja combater...
Considere que este texto é só um convite a "problematização" sobre o patrulhamento ao Professor em tempos de "escola sem partido"...
O Contexto
Eu sou Professor do ensino básico, aprovado em concurso público de provas e títulos, em uma Escola pública federal. Pela atual constituição brasileira, tenho:
E, com base no arcabouço legal explicitado acima, eu SEMPRE vou lecionar, eventualmente, com camisas que expressam minhas opiniões!
Num desses dias estava com minha camisa vermelha, com a imagem do Lula, e com dizeres garrafais: "Lula Livre"! E, nos corredores da Escola uma licencianda de outra disciplina, em particular, veio me parabenizar pela "coragem" de usar aquela camisa na Escola.
Neste mesmo dia, uma aluna da escola (mas que não é de turma regular que leciono) de modo simpático e com uma verdadeira curiosidade juvenil, me arguiu, também privadamente nos corredores da escola, se era "permitido" eu usar aquela camisa... expliquei rapidamente (e com o máximo de didática possível) sobre o arcabouço jurídico que me permitia usar aquela camisa! Curiosamente, nunca nenhum alune, gestor escolar ou colega de trabalho havia me feito, explicitamente, esta pergunta!
[parênteses]
Já fui "convidado" a tirar um bótom do Lula, em época de campanha presidencial, numa escola particular que trabalhei em 2002... mas isto é assunto para outro dia... na época pedi para a diretora fazer o pedido por escrito...
[/parênteses]
Em conversa reservada com uma amiga e colega de trabalho muito querida (que não vou compartilhar aqui - aprenda Neymar Junior!) ela comentou que seus licenciandos ficaram "curiosos" com esta minha postura e gostariam, se eu entendi bem, de conversar/investigar sobre esta postura...
Ao longo de nossa conversa, me surgiu a "constatação" que MUITOS colegas Professores, orientam seus trabalhos (postura, escolha de palavras, etc) em função da atual patrulha ideológica que atualmente ocorre sobre a Escola e os Professores! O vídeo humorístico abaixo é uma descrição, NÃO MUITO LONGE DA REALIDADE, da atual situação:
Rindo de nervoso! - Ligação(link) para o vídeo!
O que eu tenho a dizer sobre isso?
Primeiro e mais importante de tudo! Nós professores devemos sempre encarar as patrulhas coletivamente! Toda eventual ação de pais, gestores ou integrantes da comunidade escolar que castrem nossa liberdade de expressão e de cátedra devem ser tratados coletiva e pedagogicamente! A judicialização deve ser o plano C! E, caso chegue no plano C, use a assessoria jurídica do seu sindicato/Associação Docente!
.
Devemos, com tranquilidade e por motivações pedagógicas, argumentar que há todo um arcabouço legal que nos garante liberdade de expressar ideias e organizar nossas práticas docentes com base em nossa liberdade de ensinar dentro da nossa visão didádico-pedagógica!
Entendam! Isso significa que temos que seguir o programa aprovado institucionalmente - no caso da escola que trabalho - aprovado pelo colegiado de cada disciplina.
Não há palavras ou temas proibidos desde que estejam a serviço da aprendizagem dos conteúdos aprovados no programa!
Deve haver espaço para a divergência qualificada e respeitosa de visões de mundo! Professores não são os detentores da verdade! Eles são apenas "Xerpas" apontando caminhos de aprendizagem.... pelo simples fato de que, na estratégia de aprendizagem-ensino, são as pessoas que estão aprendendo há mais tempo (pense Vygotsky!).
As Professoras e Professores, sim, têm lado e opiniões! E isso não significa que desejamos que nossos alunos tenham a mesma opinião que a nossa! Pense Paulo Freire!
No atual contexto informacional em que vivemos é má-fe ou desonestidade intelectual acreditar que, nós os Professores, determinamos as escolhas dos nossos alunos (estou olhando para você Abraham Weintraub!) E isso, não é nenhuma novidade! Plutarco - no Século I d.C já tinha "pegado a visão":
"A mente do aluno não é uma vasilha a ser enchida mas uma fogueira a ser acesa!"